Há anos atrás, mais especificamente em outubro de 2003 realizei uma entrevista com Vitor Ramil e a coloco a disposição dos putzgrilenses agora.
ENTREVISTA COM VITOR RAMIL
Sabrina Kwaszko - Vitor, você começou sua carreira jovem gravando o seu primeiro disco Estrela, Estrela aos 18 anos; quais eram seus planos com a música na época? Você já visualizava uma carreira?
Vitor Ramil - Sim. Apesar de ser muito jovem, meu desejo era mesmo seguir aquele caminho.
Sabrina Kwaszko - O que trouxe na mala do Rio de Janeiro?(digo experiências, decisões...)
Vitor Ramil - Uma visão distanciada do RS, uma visão de dentro do mercado das grandes gravadoras, algumas experiências que não gostaria de repetir e algumas determinações artísticas que resultaram em Ramilonga e depois.
Sabrina Kwaszko - Seu personagem o nobre Barão de Satolep, como nasceu e por quê? Conta um pouco sobre ele para nós?
Vitor Ramil - Nasceu para participar do espetáculo Tangos e Tragédias e depois incorporei aos meus shows. O Barão me fez gostar do palco e crescer como artista.
Sabrina Kwaszko - Sobre o seu livro 'Pequod'
"Trata-se da mais surpreendente ficção publicada no RS nessa década." Paulo Betancur, Jornal do Comércio(Porto Alegre)
"Vitor é capaz de peças de requintada engenharia estilística. (...) Uma obra de simetria que só as aranhas sabem realizar." Jerônimo Teixeira, Zero Hora
"Se eu fosse prefeito de Montevidéu, faria um monumento a Vitor Ramil: nenhum estrangeiro falou com tanta emoção da capital uruguaia. Em Pequod, o compositor de Satolep mostra que também é um grande escritor." Moacyr Scliar
Essas críticas são mais um incentivo para continuar escrevendo?
Vitor Ramil - Certamente. O livro acaba de ser publicado em francês, em Paris. Tudo isso é bastante bom para um primeiro trabalho. No momento estou dedicado ao livro novo. No futuro me imagino apenas como escritor.
Sabrina Kwaszko - As sete cidades da milonga: Rigor, Profundidade, Clareza, Concisão, Pureza, Leveza e Melancolia. Como funciona na música?
Vitor Ramil - O resultado inicialmente já está em Ramilonga. Mas agora irei ainda mais fundo no disco novo, que sai em 2004. Música tem que escutar, não dá pra descrever.
Sabrina Kwaszko - Em seu texto 'Sem perder tempo, mas sem pressa' você fala sobre fatos longínquo que já estavam relacionados ao seu disco Tambong, sobre a forma que nasceu o nome Tambong em um sonho seu... A música não está em sua vida, ela é sua vida não é verdade? Fale-nos um pouco dessa relação.
Vitor Ramil - Venho de uma família muito musical. Música sempre foi algo tão presente na minha casa que às vezes acho que virei compositor e cantor meio sem me dar conta, quase como se fosse natural que eu fizesse aquilo. Já a literatura é algo que foi uma opção estritamente minha dentro do ambiente familiar. Hoje em dia, em casa, vivo mais entre meus livros que meus violões.
Sabrina Kwaszko - Sobre o seu disco o Tambong, particularmente na música 'Não é céu' percebo uma situação de caos na terra e no interior das pessoas, principalmente em dois versos: ...só nos falta Nero cantar... e ...a gente acorda e não costuma gritar. É sobre isso mesmo que se trata?Vitor Ramil - Não gosto de dizer sobre o que se trata uma letra. A graça é que cada um faça a sua leitura. Gosto de me surpreender com as leituras dos outros, como essa tua, por exemplo.
Sabrina Kwaszko - Pode nos citar um poema ou um verso do seu gosto?
Vitor Ramil - Um trecho que eu lembre de cor:
You must become an ignorant man again
and see the sun again with an ignorant eye
and see it clearly in the idea of it.
It must be abstractWallace Stevens
Sabrina Kwaszko - Vitor me sinto imensamente feliz em ter realizado esta entrevista com uma pessoa tão talentosa tanto na música quanto na literatura como você, que nos faz viajar por outras realidades e mundos nas suas palavras e melodias.Que sua carreira seja longa e com sucesso sempre para que possamos continuar desfrutando do presente que é a sua arte.Um grande abraço
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