sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Rock é Rock Mesmo

Já que o patrão da rádio se enrola para publicar a coluna, vou mandar por aqui antes.

Rock é simples

Nós vivemos atualmente na época da crise do Rock. Estamos perto do fim. Pelo menos não vejo nenhuma esperança do que pode acontecer depois que keith Richards e Malcom Young morrerem.
Os músicos de hoje não sabem mais a que ponto precisam chegar para expressarem suas idéias. Durante muito tempo a crítica especializada vendeu a idéia de que só vale o que é inovador. E eles sereferiam (até hoje continua assim) ao som que a banda produz.
Por conta de um incrível paradoxo, o extremo refinamento do gosto desses críticos especialistas os leva a curtir um monte de merda.
Um dia desses, estava ouvindo um programa de rádio, onde ditos especialistas e conhecedores do Rock'n'Roll apresentam raridades e lançamentos para os ouvintes. De repende um deles diz: "Agora nós vamos ouvir o som de uma banda que está mexendo com o cenário mundial. É o XXXX, que lança seu segundo álbum. Som da melhor qualidade com influências de Rockabilly, no estilo The Cramps, e um lindo vocal feminino."MERDA!!!
Fiz questão de esquecer o nome da banda. Quando eu tinha 13 anos de idade já fazia um som melhor que "a banda que está mexendo com o cenário mundial." A música se resumia a uma bateria de verdade que imitava uma bateria eletrônica no fundo. A guitarra ficava naquele meio termo de distorção que não permite a distinção das notas musicais. Não tinha baixo. E a voz da coitada parecia o freio gasto do antigo Escort do meu pai.
Pobre do crítico especialista. Se tornou tão entendido que não consegue mais distinguir Rock'n'Roll de merda pura. A banda em questão certamente contribuiu com uma grande inovação para a música. Mostrou o que não deve ser feito em hipótese alguma. Posso até imaginar os caras no estúdio. Eles têm uma boa melodia e uma boa letra, mas têm em mente a visão do crítico especialista e seu "só vale o que é inovador". Aí veio a cagada. E o crítico especialista é obrigado a dizer que gosta dessa merda porque senão ficaria desacreditado. (só para não dizerem que não dou nome aos bois, tudo o que estou falando aqui pode ser lido imaginando a pseudo-banda The Strokes)
E assim o Rock'n'Roll vai ruindo e se perdendo em inovações que lhe tiram exatamente o que é seu de origem: a espontaniedade, a simplicidade, uma batida direta no coração da rapaziada que precisa desafogar suas angústias e sua rebeldia de maneira intensa e verdadeira.
Por que o AC/DC e os Rolling Stones seguem lotando estádios e vendendo milhares de discos por todo o mundo? Porque eles estão cagando e andando para as inovações. Desde o princípio eles eram apenas uns caras que curtiam blues. Ninguém ali inovou nada. O que eles tocam ainda hoje já era tocado há mais de 100 anos pelos negros do Delta do Mississipi. É a energia primordial que continua viva.
É, eu simplesmente não entendo os críticos especialistas. Se a Maria Rita lança um disco de sambinhas mais manjados que o Inter ganhar gre-Nal, ela é o grande acontecimento da música brasileira. Se o AC/DC lança um disco de Rock'n'Roll, é "lá vêm os caras com a mesma coisa de sempre".
Mas é exatamente isso que nós queremos!
Ainda vai chegar o dia em que verei uma nova geração de críticos especialistas exaltarem quatro caras que tocam blues como os negros do Misssissipi. A roda vai começar a girar de novo e eu vou morrer de dar risada.

Nenhum comentário: