O clima, as pessoas e as surpresas do M/E/C/A
Por Fábio Grehs
Surpresas acontecem. Às vezes são boas. Às vezes são ruins. Às vezes são boas para uns e ruins para outros. Lembro-me de uma vez, lá na paradisíaca praia do Pinhal, que havia um campinho de futebol. Dos grandes! De grama de verdade! E no nosso time havia um também grande goleiro: O Pierre! O Pierre era um cara alto, loiro e do tipo que é bom em tudo. Esses caras, os do tipo que são bons em tudo, são bons nos esportes, estudos, em trocar resistência de chuveiro, em problemas de mecânica do carro, e com as loiras. Assim era o nosso goleiro Pierre.
Um dia, alugou a casa ao lado da do Pierre, uma bela morena de olhos verdes, pele da cor do mel e um par de lindas pernas torneadas. Lembro-me melhor das pernas do que do rosto dela. Karine, seu nome. Isso era verão de 2000, lá nos meus longínquos 16 anos. Ela era um ano mais velha. E um dia, surpresa! A Karine chegou no campinho. Mas não pra olhar, como as outras gurias faziam, queria jogar! Logo ocorreu um outro fato muito comum na vida: Fizemos um pré-conceito, um pré-julgamento. Quase nada que começa com o prefixo pré é bom. Todos pensaram o óbvio: Uma guria não deve jogar bem. Ao menos não no nível da gurizada. Mas, como faltava um, ela entrou. Começaram as zombarias, chacotas, o pessoal dizendo pra pegar leve, etc...
E daí, novamente: surpresa! Logo na primeira vez que recebeu a bola, caneta no primeiro marcador do meio-campo (vulgo eu). Avançou em velocidade pela esquerda, passou pela zaga, deixando um dos zagueiros no chão. Pierre olhou com menosprezo e, com superioridade, abriu os braços como uma águia. Afinal, o cara era um Michel Gondry das balizas. Mas ela mandou um canhotasso na forquilha, e o Pierre caiu, derrotado, batido, deitado na grama embarrada de Pinhal. Havia sido vazado por uma guria. Todos silenciaram. Só as garotas fora do campo comemoraram. Karine sorriu. Pierre, surpreso, não.
Da Pinhal de 2000 vamos pro M/E/C/A/Festival da Xangri-lá de 2011. Eu cheguei ao festival esperando um público totalmente apático e perdido, aqueles indies de fim-de-semana, saca? Aos poucos, fui mudando de ideia. O pessoal realmente conhecia as bandas. Não havia ninguém “fantasiado”. Não houve nenhum entrevero ou coisa do tipo. As pessoas colocavam toalhas no chão, esticavam suas pernas e seus pés com all-stares, bebericando uma Heineken. Em dados momentos, a imagem me lembrou cenas do festival Glastonbury, na Inglaterra. Eu havia sido surpreendido...
O local também era ótimo. Havia um laguinho lá no meio, árvores, muito verde, coisaetal. Uma bela organização, cerveja só pra quem tinha pulseira de maior de idade, bastante espaço, shows começando cedo e nos horários, estacionamento e até um local fechado com uma pista com dj’s (essa não foi muito visitada). A parte trágica ficou por conta da cerveja que acabou quase tão cedo quanto os shows, embora o pessoal ainda quisesse beber e curtir.
Personalidades da noite e do rock gaúcho perambulavam por lá, campanhas publicitárias da Converse All-star e da Heineken proporcionavam camarotes e ações de marketing despojadas no local. Muita gente se encontrava, rostos familiares, parecia uma colônia de férias do público indie das casas noturnas de Porto Alegre. E foi!
Por fim, posso dizer que cheguei com uma ideia e voltei com outra. Cheguei com o pré-conceito, o pré-julgamento de que os habitantes daquela orla roqueira seriam os mesmos “roqueiros de fim-de-semana” que tenho visto por aqui. Uma pena que o público de verdade só prestigia bandas gringas e não comparece nos shows das boas bandas gaúchas. Porém, tal como o Pierre, eu tive uma surpresa. Uma boa surpresa, afinal, como eu já disse lá no primeiro parágrafo, surpresas acontecem...
O palco
Por Bianca Rosa
Os shows do M/E/C/A festival, dentro do tema indie, foi eclético e contagiante. Todo mundo que foi ao festival conhecia muito bem as bandas e sabia muito bem aonde estava e qual era a proposta do festival, um rock ao estilo mais hype.
Muito legal uma banda como Wannabe Jalva estar participando desta festa, já que era a única atração gaúcha. E depois entraram no palco os curitibanos do Rosie and Me, com um som agradável de inlfuências folk. A vocalista Rosanne Machado tem uma voz suave, que agregou ao ambiente um clima agradável, num fim de tarde quente de verão.
Aos poucos as pessoas foram chegando e entrando no clima. E quando a Copacabana Club entrou no palco já se pode notar que a galera entrou em sintonia e todo mundo que tava sentado já saiu pulando com músicas como Just do It, cantados com energia na voz de Camila, que dançava com o público, muito simpática e linda num vestido curto e justérrimo.
Os intevalos entre os shows até que não eram longos, e como havia um lugar amplo para circular, vários ambientes e pista de dança, era muito tranquilo.
Uma das atrações mais esperadas da noite, a Two Door Cinema Club foi recebida com muito entusiasmo do público, banda que é considerada a revelação da cena indie em 2010. E realmente não decepcionou quem esperava por eles, um som alegre, na real bem a cara do verão.
Mas o ponto alto mesmo foi o Vampire Weekend, que tocou todos os hits, como A-Punk, Holiday, Mansard Roof, Cousins e Giving up the gun. O vocalista interagiu muito com o público e o pessoal se acabou de tanto dançar com a batida marcante da banda, que até se confunde com carnaval.
Eventos como o M/E/C/A festival são muito bem vindos no sul do país e a gente espera que mais eventos como esse aconteçam por aqui, seja de rock, indie ou que seja. O público agradece.
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