quarta-feira, 23 de julho de 2008

Quarto de pensão

Algumas coisas interessantes acontecem quando se vive num minúsculo quarto de pensão. Um rádio, por exemplo, pode ser considerado a salvação entre a loucura e a sanidade. Na real, sanidade é meio exagerado. Fazer uma festa solitária num espaço não maior que 1m² dançando enlouquecido ao som de Raulzito não é algo assim, digamos, normal.
De qualquer forma, o rádio é fundamental. Como bom gaudério que sou, trouxe algumas coisas que me fazem sentir um pouco mais perto da terrinha. Entre elas o disco Hein?! do Nei Lisboa. Não que eu seja um super fã do Nei. até acho suas músicas um pouco chatas. Mas nada como a distância para causar transformações no subconsciente de um ex-hippie-punk-hajneesh.
Tentem imaginar a cena: segunda-feira à noite, deitado na cama com o livro de Jack London Por um bife nas mãos, um cigarrinho daqueles apoiado numa latinha de cerveja vazia, só de cueca, e no silêncio da noite toca a música Baladas.
É uma merda, mas chorei. Também, olha só:


Nem ao menos deus por perto
Mil idéias brilham
Mas não molham meu deserto
E já faz tempo
Que eu escuto ladainhas
As minhas, as ondas do verão
Que irão bater na mesma tecla
A mesma porta
Baladas de uma época remota
Não há saídas
Só delírios de outro
Midas
Lambendo a tua cruz
É ouro que reluz

Oh, mana
Não vale a pena pagar
Um centavo, um cigarro de prazer
Oh, mana
Eu quero é morrer
Bem velhinho, assim, sozinho
Ali, bebendo um vinho
E olhando a bunda de alguém


E apesar de tudo estranho
Tenho inimigos que me amam
Fantasmas
E garçonetes em Pequim
É sempre alguém
Alguém que pense em mim
Enquanto o palco acende a luz do soul
A banda passa e amassa o business-show
Romanos
Encharcados de poção
Vivemos de paixão
E alguma grana

Oh, mana
Não vale a pena pagar
Um centavo, um retalho de prazer
Oh, mana
Eu quero é morrer
Bem velhinho, assim, sozinho
Ali, bebendo um vinho
E olhando a bunda de alguém


Muito além do jardim
Viajo atrás de sombras
Não sei a quem chamar
Mas sei que ela diria ao acordar:
Tudo bem
Você me arrasou, meu bem
E qualquer dia desses como as tuas bolas
Mas por hora esqueça o drama na sacola
Não puxe o cobertor
Não tape o sol que resta nessa dor
Foi bom, não durou

Oh, mana...

Com certeza, toda certeza, quero morrer velhinho, bebendo vinho e olhando a bunda de alguém. Depois dessa noite Nei Lisboa subiu tremendamente no meu conceito. O cara é bom. E eu sigo aqui, sozinho, bebendo vinho, fumando umzinho e sem nenhuma bunda para olhar. Que merda!

7 comentários:

Sabrina Kwaszko disse...


muito bom!
Também já morei em quarto de pensão minúsculo na época de estudante!!!
Amo esse som!
abraço

Anônimo disse...

Não te empolga muito com as bundas viu! Se não pego meu cd do Ney de volta...hauahuahauhaua
Beijos, te amo!

mãe disse...

MIRE tira uma foto da tua bunda e dá para ele colocar em um porta retrato...ã q acha resolvido o problema hehehehe

Pedro Fonseca disse...

é uma baixaria esse blog. Deveriam proibir.

Anônimo disse...

rsrssss, pelo menos é uma baixaria produtiva!

Cati Carpes disse...

Murício, que massa esse post, terça fui no show do Nei... Sensacional.
E ó.. Mire, tira uma foto da tua bunda e faz um banner, imenso, aí o Muri tem o quê ficar olhando

Anônimo disse...

Huahuahauhauahuahauauhau!