Com a cabeça ainda banhada em álcool, os heróis dessa história começaram seu sábado pela manhã, com o que existe de pior na vida de um rocker: o trabalho. Raul foi colocar películas no vidro de um Ômega, M. foi ver as pessoas que se mataram num acidente de carro, Bill foi arrumar computadores e Bonham...., bem, alguém tem que descansar, não é mesmo?
A função começou a esquentar pelas 17h, quando Raul e Bill passaram na casa de M. para deixar os instrumentos com uma ordem expressa: "vai mais cedo lá e passa o som. Nós vamos chegar só na hora." Eles tinham marcado uma outra apresentação numa lancheria. Qualquer dinheiro é bem vindo.
M. subiu para seu apartamento e acendeu uma vela para espantar os meus espíritos. A partir daquele momento toda concentração seria necessária. Findo o ritual xamânico, estava na hora de tirar as músicas que seriam tocadas na noite. Alguns solos de guitarra ainda não estavam bem nítidos na fraca memória do guitarrista. A seguir, uma ligação muito importante deveria ser feita.
"Ei Bonham, que horas está pensando em partir?"
"Sei lá, umas nove e meia?"
"Beleza, nos encontramos lá"
"OK"
Alguns amigos começam a chegar na casa de M., enquanto Raul e Bill estão do outro lado da cidade tocando para gordos e suas famílias que se empanturram de xis bacon e Bonham faz seu relaxamento a base de ervas medicinais. Enquanto isso vem caindo a noite e o povo se prepara pra partir.
Na ida para o bar um sinal mostra que as coisas poderiam dar certo. O rádio do carro no qual M. pega sua carona para "O Grande Bar" consegue sintonizar uma emissora pirata que grita "eu que não fico sentado no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes...."
São 22h23 quando metade da banda está no buteco. Bonham e M. não sabem ao certo o que fazer. Um vai para a bateria enquanto o outro conversa com os guitarristas de verdade para saber onde ligar seu instrumento. Por sorte o resto dos músicos é profissional e já está com tudo preparado. "é só pegar aquele cabo e ligar". Os outros não chegam e, sem nada melhor para fazer, Bonham e M. partem para mais uma sessão de cerveja e a luz de velas. O tempo passa, já são quase 23h, quando tudo deveria começar. O nervosismo é intenso. Os dois que estão ali se perguntam sobre o andamento de algumas canções até que desistem, isso só piora a situação. "Na hora tudo dá certo".
O problema é que a hora estava chegando. Até às 22h58 chegam Raul e Bill, completamente alucinados e embalados por alguma coisa misteriosa que faz com que eles arrumem suas posições no tempo recorde de cinco minutos e o show começa. A insegurança é nítida, por isso o blues. São quase 100 pessoas na platéia e a primeira fila toma café e fuma cigarros em alto e bom som. Os amigos fazem sinal de positivo e a banda engrena.
"Paranóia II", "Quando acabar o maluco sou eu", "Século XXI", e por aí vai a apresentação dos grandes sucessos do front man que incorpora o personagem Raul Seixas e bota a macacada para dançar. No final do show uma versão quase heavy metal das "Aventuras" faz o povo bater cabeça e depois eles soltam o grito de vivas para a utopia. É o fim e o grito ensurdecedor comprova que deu tudo certo, como sempre.
Agora é o momento de curtir. M. vai conversar com os Hell's Angels, que lhe oferecem uma estadia em Joinville para o próximo fim de semana. Raul conversa coisas sem sentido com as pessoas que lhe param no corredor. Bill e Bonham aproveitam o abraço caloroso de suas mulheres e assim a noite prossegue numa festa em que ninguém se lembra como acabou.
3 comentários:
vida de rock star jaguara hehehehe
E ainda tem a parte 3....
Tá loco...tá apavorando então!
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