sexta-feira, 3 de junho de 2011

Globo acende o debate até a última ponta

Hey, Dude! Nessas encruzilhadas históricas sempre lembro do meu amigo Dude, que atua no filme em cartaz aí acima. Fica na maresia aí, Dude, joga o teu boliche, viaja no tapete, que preciso ganhar aqui honestamente a minha segundona.
E não é que a Marcha da Maconha, canetada pela turma da toga preta e reprimida nas ruas pelos frios homens de cinza, foi realizada em pleno “Fantástico” da rede Globo?!
#Fato, como diz a juvenília das redes, avarandados e puxadinhos sociais.
#Contradições do sistema, diria um velho comuna outsider.
Inevitável lembrar um ditado popular carioca que ouvi pela primeira vez no filmaço “Rio Babilônia” (1982) e que o Tim Maia repetia com frequência: no Brasil, traficante cheira, puta goza, cafetão se apaixona e o dólar paralelo é mais baixo que o dólar oficial.
Que adubado latifúndio de espaço a Globo deu ao assunto, Dude! Tão bom para o plantio quanto as ilhotas do rio São Francisco, o generoso Velho Chico.
O gancho, essa terrível e empobrecedora necessidade jornalística, ah o mané gancho, foi o documentário “Quebrando o Tabu”, dirigido pelo jovem Fernando Grostein Andrade, que estreia na próxima sexta, 03, nos cinemas.
O ator principal: o ex-presidente FHC, que defende o plantio para consumo e a regulamentação da maconha. Não farei, só por hoje, amém, o trocadilho siglístico com THC, o princípio ativo tetra-hidro-canabinol. Passo, embora nada combine mais com baseado do que trocadilho, como verão aqui nesse texto-palha.
[Inevitável lembrar, porém, do tratamento que o saudoso Casseta & Planeta dava ao ex: Viajando Henrique Cardoso].
Ótimo, mas voltemos ao chão da praça.
A marcha global, distante do gás-pimenta da PM comandada pelo tucanismo em SP, foi de efeito moral imediato: 57% de telespectadores convidados a opinar sobre o assunto, na enquete do programa, disseram sim à descriminalização do barato.
Sim, não temos o número de votantes, mas é bem significativo para uma emissora de massa. Se a reportagem conseguiu fazer ou não a cabeça da maioria, não importa. O bom é que o assunto já não é mais tão escandaloso assim como a tropa de choque da caretice imagina.
Além de FHC, outros ex-presidentes aparecem no doc do menino Andrade com discurso semelhante: Ernesto Zedillo (México), César Gaviria (Colômbia), Jimmy Carter e Bill Clinton (EUA).
O “Fantástico”, na sua marcha dominical nos lares doces lares, lembrou também que outro dia o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), defendeu o plantio coletivo de maconha, em cooperativas.
A carroça da história desembestou e avançaremos mesmo nessa questão?
Veremos. Bom é que as marchas das ruas acionaram o piloto automático dos avanços.  
Sim, a gente que foi à Paulista tem uma saúde dentária de anúncio dentifrício, não havia um só desdentado, como tirou onda o gênio reacionário Nelson Rodrigues sobre os protestos de 1968. Como argumentam hoje outros enfezados sem a genialidade do tio Nelson.
Mas já valeu, tá valendo, é um luxo ter uma fatia da classe média moderna  acendendo uma ponta do avanço histórico em vez de tocar fogo na fogueira eterna da liga das senhoras católicas.
Que a segundona lhe seja leve!

Nenhum comentário: