sexta-feira, 30 de maio de 2008

Don't let me down

... e mais ou menos 2 horas até que o consumo passe a fazer efeito. As notas escorrendo conforme aumentam os “X” na comanda (porque ela sempre comanda). Já eram previstas ao menos 5 horas de solidão em meio a alguns conhecidos. O bar é como um lugar de meditação; uma hora ou outra o cara é obrigado a pensar nele mesmo.
Olho fixo em rostos nunca antes vistos. Nem uma cerveja gelada com boa música engana o descrédito de que alguma coisa possa acontecer. A única conversa vem do barman. Gente boa, bom na sua profissão.
Por enquanto, cabe esquecer numa cadeira confortável, Led Zeppelin e cigarros. O blues cura, o Rock’n’Roll salva. Palco, mesas e sinuca. Pelo menos umas 100 pessoas. Só para constar: Liverpool, de Joinville.
A banda começa e tudo é passado. Black Sabbath, The wizard. O público aplaude sentado, todos muito sóbrios ainda para qualquer manifestação mais efusiva. No entanto, as garçonetes não param e o barman se concentra totalmente na bica de chope.
O dono do bar também é bom na sua profissão e vem pedir uma opinião sobre a noite. “Tudo bem velho, maravilha”. Legal e já era. Não para de entrar gente, a maioria aqueles grupos em que um ou dois curtem muito Rock’n’Roll e convencem os outros a virem no “barzinho com música ao vivo”.
Até que chega o cara conhecido na noite como Raulzito, com direito a cavanhaque, óculos escuros e colete de couro. Ele já entra dançando e cumprimentando todo mundo. Mais um registro: tudo o que ele fazia era dançando. Foi até o balcão, pegou uma cuba e parou na frente do palco.
De uma hora pra outra mudou o clima do bar. Em menos de cinco minutos a maioria das pessoas estavam de pé. Os aplausos transformaram-se em gritos.
Na minha bebedeira não conseguia pensar em nada que não fosse filosofia. Todas as pessoas que estavam dentro do bar precisavam de um estímulo que rompesse a barreira do ridículo. E lá estavam eles, agora um grupo bem numeroso, com Raulzito no meio, dançando como índios navarros ao som de The Doors. Por todos os lados, nada menos que sorrisos.
Decidi ficar até o fim dos cigarros. Ou até que acabasse a tinta da caneta...

... the end is always near.

Um comentário:

Anônimo disse...

Massa!
Trocou uma idéia com o sósia do Raul?
Bjs
Mire